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vestígios de um corpo

Realizada em 2024 no Museu Helenton Barbosa em Maringá-Paraná, A exposição é a primeira individual do artistas Gustavo Barrionuevo, que reuniu um conjunto de cerca de 20 obras produzidas nos últimos 4 anos de sua pesquisa poética sobre o corpo.

Curadoria e Texto: Roberta Stubs
Fotografias: Bulla Jr. 




Saltar os limites de um corpo numa coreografia de vestígios. Visualizar pausas e percorrer vazios impregnados de gestos. Nos trabalhos aqui expostos Gustavo Barrionuevo cria modulações sobre a pele e nos faz ver uma presença que escapa. Cada obra é um índice de um corpo em mutação, e figura como uma variação sobre a presença ou o que resta de uma presença enquanto gesto instaurador. É sobre seu próprio corpo que o artista se debruça para decalcar de si essa membrana rosa e cintilante que compõem seus relevos e objetos. Ainda que impregnada de artificialidade, temos diante de nós uma quase carne, não pela materialidade que a constitui - cola e pigmento rosa – mas por conta dos fragmentos de corpo que carrega: pele, pelos e a textura de uma matriz que é viva e pulsátil. São os resquícios desse corpo que instauram na superfície plana das obras camadas de profundidade que dizem do avesso da pele. Nesse avesso, um emaranhado de nervuras se revela e absorve nosso olhar que percorre cada linha a se perder pelas encruzilhadas desse corpo orgânico que quase rompe a epiderme. É o elemento orgânico que faz da repetição um gesto sem seriação. Se valendo de um protocolo para devir outro, Gustavo tem na repetição um modo de extrair do corpo graus de intensidade distintas que ampliam sua força vital na medida em que suas partes podem, numa conversa infinita, conjugar-se entre si. Para o artista, abstrair a pele é um operador de aberturas para um corpo que não se encerra em formas. Organizada em módulos, esticada na parede ou pendurada no teto esse corpo fragmentado, deformado, efêmero, indetectável e desformatado dá vazão ao campo do vivente, ao território da vida que pulsa e fratura a derme das aparências. Num jogo entre controle e confissão, o artista traduz seus processos corporais para a linguagem da arte e externaliza fluxos e fluidos para fazer o corpo escapar do corpo numa poética de porosidades.

                                                                                    Roberta Stubs
                                                                                                      2024



Catálogo (pdf)

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